O número de pessoas à espera de um transplante de órgão no Brasil aumentou para mais de 50 mil pela primeira vez, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), que faz o levantamento desde 1998.
Durante os anos de pandemia da Covid19, houve um déficit nos números de doadores, o que ocasionou o aumento da fila de espera. A maioria dos pacientes aguarda um transplante de rim, seguido por córnea, fígado, coração e pulmão.
Mas não só a pandemia é o causador deste problema. A falta de incentivo e de divulgação também entram na lista. Por isso, a Casa do Jardim está lançando a Campanha de Incentivo à Doação de Órgãos para discutir o tema e esclarecer alguns tabus.
Quem pode ser Doador
A doação de órgãos é um gesto que salva vidas e oferece esperança a pacientes que aguardam por um transplante. Mas nem todos podem ser considerados doadores de órgãos. Existem critérios específicos que devem ser atendidos para alguém ser elegível como doador, como a autorização da família. Por isso é muito importante a comunicação do seu desejo para seus familiares.
Morte encefálica x Coma
Para ser considerado um potencial doador de órgãos, a pessoa deve estar em morte encefálica. A morte encefálica é a completa e irreversível cessação das funções cerebrais, enquanto o restante do corpo continua funcionando por meio de suporte artificial.
Diferente do coma, que apresenta atividade cerebral mínima, mas o paciente ainda mantém as funções vitais e respiratórias. Por isso, em casos de coma, a doação de órgãos não é permitida.
É importante ressaltar que o diagnóstico de morte encefálica é realizado por uma equipe médica especializada e requer uma série de exames rigorosos.
Quais órgãos podem ser doados
Além dos órgãos mais conhecidos, como coração, rins e fígado, outros órgãos também podem ser doados para transplante. Isso inclui os pulmões, pâncreas e intestino delgado. Além dos órgãos, tecidos como córneas, pele, ossos, tendões e válvulas cardíacas também podem ser doados.
Quando um órgão é considerado para doação, diversos critérios médicos são levados em consideração para determinar sua adequação. Fatores como a compatibilidade do receptor, o estado de saúde do órgão, a idade do doador e do receptor, entre outros, são avaliados cuidadosamente. O objetivo é garantir o melhor resultado possível para o receptor do transplante, seguindo normas para assegurar a transparência, a equidade e o respeito aos princípios éticos envolvidos na doação de órgãos.
Doação em vida
A doação de órgãos também pode ocorrer em vida, em situações específicas. Por exemplo, um indivíduo pode doar um rim ou parte do fígado para um parente ou para uma pessoa compatível que necessite de transplante.
Nesses casos, é necessário que exista uma compatibilidade genética e que o doador passe por uma avaliação médica completa para garantir sua saúde e segurança durante e após a doação.
Riscos, cuidados e procedimentos legais
A doação de órgãos, tanto em vida quanto após a morte encefálica, envolve riscos e cuidados específicos. Em doações em vida, há riscos cirúrgicos para o doador, tais como complicações durante a cirurgia, infecções e reações adversas à anestesia. É fundamental que o doador passe por uma avaliação médica rigorosa para garantir sua saúde e segurança durante todo o processo.
Além disso, existem procedimentos legais e éticos que regulam a doação de órgãos, tanto por doadores vivos quanto após a morte encefálica.
Cada país possui suas próprias legislações e diretrizes específicas para garantir a proteção dos direitos do doador, a confidencialidade das informações e a distribuição justa dos órgãos. No Brasil, por exemplo, não é permitida a compra de órgãos, nem a divulgação do doador sem o consentimento da família.